Um dia chegou a noticia de que iria passar por Areias um certo conde francês, condutor amalucado de um automóvel primitivo. A primeira “cadeira elétrica” que a população areiense iria ver.
Todos se preparavam para o inédito espetáculo e puseram-se em ansiosa expectativa.
Finalmente, chegou o grande momento, de vez que o automóvel se encontrava em Sant’Anna dos Tocos, portanto a pequena distancia de Areias.
À noitinha, já ao lusco-fusco, apontou o “bruto” no começo da rua, com a farolada acesa e tremeluzente.
Ao ver ao longe aquele monstro, foi um corre-corre tremendo. As mães, das janelas gritando aflitas pelos filhos, pondo-os em segurança no interior dos lares.
Os homens, mais animosos, se mantiveram cautelosamente ao longo dos passeios, deixando o leito da rua livre para o terrível veiculo. E o automóvel entrou triunfante, arquejando e soltando fumaça por todos os lados, basbaqueando a quantos o viam.
Foi estacar no largo da matriz. Dentro em breve hei-lo cercado pelo povo que não podia sopitar a curiosidade.
Vem o prefeito e entende-se na língua gaulesa com o conde. Um rapaz, vestido de marinheiro, salta do carro e aciona a manivela, para pô-lo em andamento.
Quando estrondeia o motor, guinchando e pipocando, o povo é tomado de pânico.
Aos empurrões, foi um salve-se que puder. Restou no chão gemendo, um cidadão com a perna quebrada: o professor Manoel Moreira da Silva.
O automobilista o francês Conde Lesdain e seu carro “Brasier”, foram os primeiros a fazer o percurso Rio de Janeiro – São Paulo e gastaram 40 dias para tal ato.
Texto: Eline Rodrigues
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